terça-feira, 12 de novembro de 2013

OSCAR-2014 – 10 curtas de animação em disputa

Na fase de pré-temporada do Oscar, embora 56 filmes tenham originalmente se classificado para a categoria de Melhor Animação em Curta-Metragem, apenas 10 passaram pelo segundo crivo da temida Academy of Motion Picture Arts and Sciences. Assim como acorre no longas de animação, aqui também estão em disputa realizações estrangeiras, destacando-se o Canadá com três produções.

GET THE
GET A HORSE! (2013), de Lauren McMullan
Segundo a instituição, os votantes nas categorias de animação assistiram a todos os filmes e fizeram uma rodada preliminar de votos. A Academia não se definiu, ainda, se escolherá 3 ou 5 filmes como finalistas. As indicações finais serão feitas em 16 de janeiro. Há aspectos interessantes em alguns dos curtas, as quais dificilmente chegam ao Brasil, mas que costumam ser adicionados como complementos em algumas animações lançadas pelos estúdios em DVD e especialmente, BluRay. A maioria, no entanto, aparece inesperadamente no youtube, após a premiação.
O curta Get a Horse!, baseado nos antigos desenhos animados criados por Walt Disney, traz a voz dele dublando Mickey Mouse e será exibido como complemento do longa Frozen: uma Aventura Congelante (Frozen), que estreia no Brasil em 3 de janeiro.
Outro selecionado, Feral, do caboverdiano Daniel Souza, radicado nos EUA, é papão de prêmios, tendo conquistado ao todo 5 prêmios, 3 deles, incluindo o de melhor filme e diretor no Festival de Annecy, além de ter recebido, em agosto passado, o prêmio de melhor filme do Festival Anima-Mundi-2013, em São Paulo. The Mising Scarf, da Holanda, é uma comédia de humor negro sobre o medo e tem o startrekiano George Takei como narrador, e tem dois prêmios no Galway Film Fleadh.
Confira a seleção dos filmes que competem ao Oscar-2014 de Melhor Curta de Animação.
Feral (EUA), de Daniel Souza – 13 minutos
Get a Horse! (EUA), de Lauren McMulan – 6 minutos
Gloria Victoria (Canadá), de Theodore Ushev – 7 minutos
Hollow Land (Dinamarca-Canadá-França), de Michelle Kranot e Uri Kranot – 14 minutos
The Missing Scarf (Irlanda), de Eoin Duffy – 7 minutos
Mister Hublot (Luxemburgo-França ), de Laurent Witz e Alexandre Espigares – 7 minutos
Tsukomo (Possesions, Japão), de Shuhei Morita – 14 minutos
Requiem for Romance (Canadá), de Jonathan Ng – 8 minutos
Room on the Broom (Inglaterra), de Max Lang e Jan Lachauer -25 minutos
Subconscious Password (Canadá), de Chris Landreth – 11 minutos
A cerimônia de entrega será em Los Angeles em 2 de março de 2014.

RANKING BRASIL/2013 – THOR 2 mantém liderença confortável

Apenas na sua segunda semana desde a estreia, a aventura do Deus Thor, personagem da Marvel, Thor 2 – O Mundo Sombrio já ultrapassou a faixa dos R$ 30 milhões na bilheteria de cinema do Brasil. A estreia da animação Bons de Bico e do drama Capitão Phillips colocou ambos no top 5. E a comédia Brasileira Meu Passado Me Condena continuou no segundo lugar, com a menor queda da semana, perdendo pouco mais de 1 milhão em relação a semana passada.
T
Divulgação de THOR 2 – O MUNDO SOMBRIO (2013), de Alan Taylor
Mesmo com uma queda maior que a esperada, de 39%, a aventura Thor 2 – o Mundo Sombrio(Thor – The Dark World, EUA, 2013) conseguiu se manter na liderança, ficando ainda acima da faixa dos R$ 10 milhões. O filme já acumula R$ 34 milhões de receita e, segundo o Filme B, na próxima semana já deve entrar no top 10 das melhores bilheterias do ano no Brasil. A média de público da aventura também caiu bastante, com 400 a menos, perdendo agora para o segundo colocado, Meu Passado Me Condena, no entanto não foi motivo para atrapalhar o crescimento de espectadores, que já soma mais de 2,6 milhões.

Primeira imagem da cinebiografia de Pelé

Saiu a primeira imagem do filme que está sendo feito sobre a vida de Pelé, desde a infância até a conquista da Copa do Mundo de 1958, a primeira do Brasil. Edson Arantes do Nascimento será interpretado por dois atores iniciantes. Na foto, está o menino Leonardo Lima Carvalho, que fará o rei do futebol entre os 10 e os 13 anos. Kevin de Paula será Pelé entre os 13 e os 17.
Escrito e dirigido pelo americanos Michael e Jeff Zimbalist (de 'Favela rising'), o longa-metragem está sendo filmado no Rio de Janeiro. No elenco estão confirmados Rodrigo Santoro, Milton Gonçalves e Seu Jorge. Vincent D'Onofrio vai interpretar o técnico Vicente Feola, que comandou a Seleção Brasileira em 1958.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Contra Plongée



O olhar que vem do chão.
São Paulo toda filmada de baixo para cima.
Com a trilha caprichada de Pedro Rizzi.


Movimentos no quadro, da câmera e da Objetiva


Numa fotografia, o enquadramento determinado no momento do “clic” dura para sempre. Um plano fechado será sempre fechado. Um aberto, sempre aberto. Tudo está congelado no tempo. Num enquadramento cinematográfico não é assim. Um dos componentes mais importantes de um filme é o movimento, que pode acontecer dentro do quadro (as pessoas e as coisas se deslocam) ou pelo deslocamento da própria câmera.
(a) Movimentos dentro do quadro – com a câmera parada, pessoas e objetos mudam de posição, tanto lateralmente quanto afastando-se ou aproximando-se da câmera (ou numa combinação dessas duas possibilidades).
É comum que uma pessoa não esteja dentro do quadro quando a câmera é ligada e entre depois, ou que saia do quadro durante a tomada. Nós chamamos esses movimentos com os singelos termos ENTRAR EM QUADRO (pela direita, ou pela esquerda) e SAIR DE QUADRO (pela direita, ou pela esquerda). Também é comum que alguém se aproxime da câmera, “aumentando de tamanho”, ou se afaste, “diminuindo de tamanho”. Você pode simplesmente dizer AFASTAR-SE DA CÂMERA, ou APROXIMAR-SE DA CÂMERA, ou, se quiser impressionar alguém da equipe com seus conhecimentos de inglês, usar os termos TAIL-AWAY (alguém ou alguma coisa afasta-se da câmera) e HEAD-ON (alguém ou alguma coisa vem de encontro à câmera).
(b) Movimentos da câmera – quando a câmera movimenta-se (e ela pode fazer isso de várias maneiras diferentes), você muda o enquadramento (que fica mais aberto, mais fechado, ou se desloca lateralmente).
Na PANORÂMICA (ou PAN), a câmera movimenta-se sobre seu eixo, para cima, para baixo, para a direita, para a esquerda, ou obliquamente. Alguns livros preferem chamar de panorâmica apenas quando o movimento é no eixo horizontal, e TILT quando é no vertical.
No TRAVELLING (ou TRAV), a câmera “viaja”, isto é, desloca-se, na mão do operador, sobre um carrinho, sobre uma grua, em qualquer direção.
(c) Movimentos de objetiva – usando uma lente do tipo ZOOM, você modifica o ângulo visual durante a tomada. Quando “aproxima” a imagem temos o ZOOM-IN, quando “afasta”, o ZOOM-OUT.
Todos esses movimentos podem estar combinados, gerando alterações interessantes de enquadramento, ou simplesmente permitindo que você filme melhor. Vamos supor que um casal esteja conversando enquanto caminha no parque. Você pode filmá-lo com a câmera parada, fazendo uma panorâmica, ou usando um travelling para trás, no mesmo ritmo em que eles caminham. Nesse último caso, se a distância entre o casal e a câmera for mantida durante toda a tomada, o enquadramento será sempre o mesmo, mas a sensação de movimento será transmitida ao espectador de um modo bem diferente do que aconteceria com a câmera parada ou fazendo uma panorâmica.
Fazendo uma panorâmica

Enquadramentos: Planos e ângulos

A noção de enquadramento é a mais importante da linguagem cinematográfica. Enquadrar é decidir o que faz parte do filme em cada momento de sua realização. Enquadrar também é determinar o modo como o espectador perceberá o mundo que está sendo criado pelo filme. Quem enquadra bem, com senso narrativo e estético, escolhendo acertadamente como as coisas e as pessoas são filmadas em cada plano do filme, tem meio caminho andado para contar uma boa história com o cinema. Quem não sabe enquadrar está desperdiçando uma ferramenta fundamental da linguagem do seu filme e deveria procurar outra coisa pra fazer na vida.
O enquadramento depende de três elementos: o plano, a altura do ângulo e o lado do ângulo. Esse “plano” que aparece agora não é aquele mesmo “plano” de que falamos há pouco (tudo que está entre dois cortes). Plano é uma das palavras mais comuns e mais escorregadias do cinema. Além de ser uma noção da estrutura do filme, ele também é o principal componente do enquadramento. Basicamente, poderíamos dizer que escolher o plano é determinar qual é distância entre a câmera e o objeto que está sendo filmado, levando em consideração o tipo de lente que está sendo usado. Mas, em vez de explicar com conceitos, é bem mais fácil explicar como as coisas funcionam na prática.
No começo do cinema, os americanos criaram três tipos básicos de planos, que ainda hoje resolvem, embora de modo tosco, a maioria dos nossos problemas de enquadramento. Para simplificar, vamos considerar que a câmera está utilizando uma objetiva normal, que “vê” as coisas do mesmo modo que um olho humano (ângulo visual de mais ou menos 90%).
(a) PLANO ABERTO (“LONG SHOT”) – a câmera está distante do objeto, de modo que ele ocupa uma parte pequena do cenário. É um plano de AMBIENTAÇÃO.
(b) PLANO MÉDIO (“MEDIUM SHOT”) – a câmera está a uma distância média do objeto, de modo que ele ocupa uma parte considerável do ambiente, mas ainda tem espaço à sua volta. É um plano de POSICIONAMENTO e MOVIMENTAÇÃO.
(c) PLANO FECHADO (“CLOSE-UP) – a câmera está bem próxima do objeto, de modo que ele ocupa quase todo o cenário, sem deixar grandes espaços à sua volta. É um plano de INTIMIDADE e EXPRESSÃO.
Determinar qual é o plano (noção principal de enquadramento) em cada plano (noção de estrutura do filme) que será rodado é responsabilidade do diretor, que normalmente ouve o diretor de fotografia. Os dois têm que falar a mesma linguagem. Se eles se entenderem bem com esses três conceitos (“aberto”, “médio” e “fechado”) nada mais é necessário. Ajustes finos podem ser feitos com variantes (“um pouco mais aberto”, “um pouco mais fechado”, etc.).
Na hora de analisar um filme, contudo, ou de planejá-lo com um nível maior de detalhamento, os planos podem ser classificados de uma forma mais complexa. As gramáticas da linguagem cinematográfica variam bastante, de modo que a lista a seguir é apenas uma das possibilidades. De qualquer modo, é a primeira que aprendi (nas aulas do prof. Aníbal Damasceno), e sempre se revelou útil.
(a) PLANO GERAL (PG) – Com um ângulo visual bem aberto, a câmera revela o cenário à sua frente. A figura humana ocupa espaço muito reduzido na tela. Plano para exteriores ou interiores de grandes proporções. Também chamado, na intimidade, de “Geralzão”.
(b) PLANO DE CONJUNTO (PC) – Com um ângulo visual aberto, a câmera revela uma parte significativa do cenário à sua frente. A figura humana ocupa um espaço relativamente maior na tela. É possível reconhecer os rostos das pessoas mais próximas à câmera. Também poderíamos chamá-lo de “Geralzinho”.
(c) PLANO MÉDIO (PM) – A figura humana é enquadrada por inteiro, com um pouco de “ar” sobre a cabeça e um pouco de “chão” sob os pés.
(d) PLANO AMERICANO (PA) – A figura humana é enquadrada do joelho para cima.
(e) MEIO PRIMEIRO PLANO (MPP) – A figura humana é enquadrada da cintura para cima.
(f) PRIMEIRO PLANO (PP) – A figura humana é enquadrada do peito para cima. Também chamado de “CLOSE-UP, ou “CLOSE”.
(g) PRIMEIRÍSSIMO PLANO (PPP) – A figura humana é enquadrada dos ombros para cima. Também chamado de “BIG CLOSE-UP” ou “BIG-CLOSE”.
(h) PLANO DETALHE (PD) – A câmera enquadra uma parte do rosto ou do corpo (um olho, uma mão, um pé, etc.). Também usado para objetos pequenos, como uma caneta sobre a mesa, um copo, uma caixa de fósforos, etc.
Os outros dois componentes do enquadramento dependem do ângulo que a câmera está em relação ao objeto filmado.
Em relação à ALTURA DO ÂNGULO, são três posições fundamentais:
(a) ÂNGULO NORMAL – quando ela está no nível dos olhos da pessoa que está sendo filmada.
(b) PLONGÉE (palavra francesa que significa “mergulho”) – quando a câmera está acima do nível dos olhos, voltada para baixo. Também chamada de “câmera alta”.
(c) CONTRA-PLONGÉE (com o sentido de “contra-mergulho”) – quando a câmera está abaixo do nível dos olhos, voltada para cima. Também chamada de “câmera baixa”.
Há uma possível confusão com um outro tipo de enquadramento, quando a câmera está numa posição inferior, mas seu ângulo é normal (não está virada para cima). Nesse caso, que poderíamos chamar de “ponto de vista de uma barata”, não se trata de um contra-plongée.
É claro que o conceito não serve só para filmar pessoas. Você pode enquadrar um carro, um navio, ou uma casa, em ângulo normal, plongée, ou em contra-plongée.
Em relação ao LADO DO ÂNGULO, são quatro posições fundamentais:
(a) FRONTAL – a câmera está em linha reta com o nariz da pessoa filmada.
(b) 3/4 – a câmera forma um ângulo de aproximadamente 45 graus com o nariz da pessoa filmada. Essa posição pode ser realizada com muitas variantes.
(c) PERFIL – a câmera forma um ângulo de aproximadamente 90 graus com o nariz da pessoa filmada. O perfil pode ser feito à esquerda ou à direita.
(d) DE NUCA – a câmera está em linha reta com a nuca da pessoa filmada. É um dos ângulos preferidos do cineasta Gus Van Sant, usado até à exaustão em “Elefante” (2003).
É claro que, mais uma vez, o conceito não serve só para filmar pessoas. Basta você encontrar o que o prof. Aníbal chama de “nariz metafísico” num carro, navio, ou casa.
A combinação do PLANO, da ALTURA DO ÂNGULO e do LADO DO ÂNGULO determinará o seu enquadramento. Vamos dar alguns exemplos completos:
Plano americano, contra-plongée, quase perfil
Meio primeiro plano, contra-plongée, 3/4
Primeiro plano, contra-plongée, 3/4
Primeiríssimo plano, plongée, perfil
Meio primeiro plano, plongée, perfil
Primeiríssimo plano, normal, 3/4
Uma outra noção importante é o EXTRA-QUADRO, aquilo que não está sendo mostrado pela câmera, mas que pode ser imaginado pelo espectador, ou registrado pelo som. Dizemos que alguém ou alguma coisa está FORA DE QUADRO (FQ), ou OFF, quando não está visível naquele enquadramento, mas faz parte da história. Em livros sobre linguagem de cinema, as expressões FORA DE QUADRO e OFF assumem significados distintos, mas não vale a pena perder tempo com isso.